quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Projeto Integrador

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO

POLO HERVAL

Sordidez e beleza...

repensando nossas ações ambientais

Cybele Leon Leivas

Jésica Hencke

Rosemari Souza Rosa

Vanessa Dummer Athayde

Herval

Agosto de 2011.

Sumário

Introdução. 2

1. Título do projeto: 4

2. Escola: 5

3. Série em que o projeto será desenvolvido: 5

4. Disciplinas envolvidas: 5

5. Temas abordados: 5

6. Mídias disponíveis para integrar: 6

7. Objetivos: 6

8. Metodologia: 7

Tempo previsto. 7

Situação de aprendizagem a partir dos recursos apresentados. 7

Primeiro momento. 7

Segundo momento. 10

Terceiro momento. 11

Quarto momento. 11

Quinto momento. 12

9. Resultados parciais e esperados. 12

9.1. Resultados parciais obtidos. 13

10. Critérios de avaliação. 15

11. Forma de socialização das produções. 15

12. Cronograma. 16

13. Referências. 16

Introdução

Pensar em educação é atentar para a necessidade de inovar, mudar e instigar a busca do novo, que não é tão desconhecido como se imagina, é sim a possibilidade de integrar o aluno como sujeito ativo em seu processo de construção da aprendizagem tornando-o apto a interagir com as mídias, sejam elas numa esfera educacional, bem como social e pessoal, tendo consciência de que a melhor maneira de aprender é integrando e não apenas acoplando, quando associamos uma com a outra, as produções não são significativas e sim fragmentadas, isoladas e sem relação.

Neste projeto, almeja-se integrar além das mídias, a esfera ambiental, demonstrando que em nossas casas, escolas, ruas, o descaso está presente, e não temos mais tempo para ficar ignorando esta problemática, é preciso abrir os olhos e perceber que se não tomarmos atitudes coerentes, conseguiremos tornar este planeta antes habitável num mundo cinza, degradado e infeliz sob nossos pés.

Mas, porque mídias e educação? O que pretendemos quando falamos em integração destes múltiplos meios? Para não cairmos na armadilha de acreditar que as mídias alienam e massificam é necessário trabalhar com uma visão crítica e construtiva, Rodrigues nos põe questões pertinentes sobre o uso e valorização das mídias, quando comenta que na sociedade midiatizada há um fluxo relacional entre os acontecimentos, sendo necessário firmar um pensamento neste contexto que combina conhecimentos e operações estruturadas na forma de tecnologias, potencializando a existência de novos ambientes de interação.

Destaca também, que todas estas relações, por mais ínfimas que possam parecer, constituem-se por dispositivos, partículas de interação e comunicação, midiática, informacional, segundo suas palavras:

O dispositivo é uma parte, um agente operacional do processo midiático. Assim como as relações de poder se dão na microfísica, segundo Foucault, as relações de comunicação dar-se-ão nas menores partículas possíveis de agenciar a mídia, o dispositivo. É uma menor parte possível de se observar e perceber a intencionalidade que desenvolve ou da qual se diferencia.

[...] O dispositivo é um aparato discursivo e ao mesmo tempo não discursivo, uma vez que engloba também um aparato de práticas, produção, veiculação e consumo, numa determinada sociedade e num certo cenário social e político. (RODRIGUES, 2006, pp. 5-6)

Ao falar em dispositivos estamos dando vazão à compreensão de que a educação é apenas uma etapa da vida de cada sujeito, as mídias são recursos potencializadores deste processo e não fragmentadores de uma aprendizagem. Trata-se do uso destes meios para qualificar a ação pedagógica, considerando-os ferramentas que integradas auxiliam e complementam o ensino.

Surge em meio a estas mudanças conceituais a proposição de uma nova ótica a “educomunicação”, ou seja, a união entre educação e comunicação, com a intenção tornar inteiro, proporcionando a dinamização do ambiente e configurando a ação educativa complementar em que um recurso não se sobrepõe ao outro, mas age em prol de um objetivo comum, elencado pelo projeto desenvolvido.

Franchi, citado por Almeida, elucida de forma clara a importância de trabalhar com a gestão das mídias, se soubermos gerir certamente estaremos aptos a interagir por meio de uma tecnologia, a qual implica aprender uma linguagem entendida como atividade criadora da constituição de sujeitos e apropriação de um sistema de referência de mundo.

Gerir e integrar envolve uma complexidade de fatores que nos tornam humano, ao mesmo tempo em que proporciona uma aprendizagem significante e significativa na construção de uma escola que visa à experiência aliada ao desenvolvimento do pensamento crítico/científico.

Aqui recorremos novamente à fala de Almeida ao destacar que todas as mudanças ocorrem de forma sistêmica, quando um fragmento se move de um lado do sistema, atinge outro, tudo está interligado, complementam-se, nestas circunstâncias as tecnologias englobam as dimensões técnicas, sociais e culturais, conceitos presentes dentro da ideia de contexto educativo.

O contexto educativo é um conjunto de circunstâncias relevantes que propiciam ao aluno (re) construir o conhecimento dos quais são elementos inerentes o conteúdo, o professor, sua ação e os objetos histórico-culturais que o constituem. O contexto é considerado em toda a sua complexidade e multidimensionalidade, englobando as dimensões histórico-social, cultural, cognitiva e afetiva dos sujeitos que o habitam, bem como as tecnologias que dele fazem parte, cujas características devem ser compreendidas para que se possa incorporá-las numa perspectiva crítica (ALMEIDA, 2009, p. 78).

Por isto fala-se e trabalha-se com projetos através dos quais é possível articular de forma integradora com as diversas mídias em prol da qualificação educacional, potencializando a ampliação da consciência sendo essencial promover a articulação da escola com outros espaços de produção de conhecimento, tornando a integração entre as mídias e as tecnologias uma opção de trabalho assumido por toda a comunidade educacional, valorizando a interdisciplinaridade e a contextualização do ato aprendente (Almeida, 2009).

1. Título do projeto: Sordidez e beleza... repensando nossas ações ambientais.

Sordidez e beleza... palavras tão duras e complexas que nos levam a imaginar pensamentos e construir ações coerentes ou não com nossa sociedade, por muitas vezes acabamos nos envolvendo neste emaranhado social e nem damo-nos conta de nossa responsabilidade. Jogamos um papel de balas pela vidraça do carro, atiramos um toco de cigarro ao chão, lançamos uma latinha vazia no arroio, as sacolas plásticas voam em nossos ares e simplesmente não queremos assumir as consequências destes atos inadmissíveis socialmente, por considerarmo-nos modernos e intelectualmente manipuladores do ambiente.

É só caminhar, por algumas vielas, centros e calçamentos e veremos a tentativa dramática do ser humano em dominar o ser humano e a natureza, tudo começa com um gesto simples de lançar em qualquer lugar aquilo que queremos nos desfazer.

Com a globalização e industrialização da produtividade de bens de consumo, houve um significativo aumento do descarte, tudo tornou-se obsoleto em menos de seis meses de uso, as relações não encontram-se mais territorialmente definidas, mas em espaços desterritorializados, os valores encontram-se invertidos culturalmente e moralmente. Vivemos em uma crise paradigmática, sem precedentes e sem alternativas claras de superação. Portanto é preciso compreender a história de cada “coisa” para encaminhar-se a mudança ético-sócio-cultural.

E assim começa a degradação ambiental...

Um copo descartável jogado ao chão...

Esgoto sem tratamento correndo nas águas de uma cascata...

Paramos e nos questionamos:

Como tudo isto começou?

O vídeo “A História das Coisas”, disponível no link: http://video.google.com.br/videoplay?docid=-7568664880564855303&hl=pt-BR#, com duração de 21min. 17seg. apresenta uma interessante analogia sobre a situação pós-moderna ou a falência da modernidade, pode-se dizer que chegamos a ser modernos? Ele retrata de forma sucinta e bem articulada toda a problemática de um sistema de produção linear capitalista que visa o lucro, o desperdício e a massificação dos sentimentos e/ou pensamentos através da cultura midiática (em especial). Demonstra nitidamente a influência sofrida pela população mundial e o enésimo grau do adoecimento humano, o qual subtrai e amortece os sentimentos ampliando o desejo consumista e individualista. O vídeo convida a uma provocação reflexiva sobre os hábitos incoerentes desenvolvidos a partir de uma lógica “infinita” de recursos, eis a consciência invertida, pois vivemos num país de recursos “finitos”. Para refletir: Como nos relacionamos com o meio ambiente, os meios de produção e o consumo? Por que razão adentramos neste círculo vicioso que nos leva a um consumo desenfreado, a assumir responsabilidades e trabalhos extras a nossa condição físico-psicológica, apenas para termos bens financeiros e adquirir mais bens obsoletos de consumo que envenenam nossa mente e nosso ambiente?

Este projeto surge com a intenção de despertar a consciência de seus protagonistas para dois vieses de estudo, por um lado tornar a mídia fomentadora da interdisciplinaridade, sendo um instrumento que potencialize a aprendizagem num caráter processual; por outro lado, pretende despertar para a consciência crítica e valorização do espaço físico-ambiental, demonstrando clareza que a responsabilidade é de cada um de nós, em manter, restaurar e valorizar este espaço tão degradado em virtude da sociedade capitalista que procura enaltecer o consumismo precocemente. Tal ação educativa justifica-se pela premência em rever os valores que estão disseminados socialmente e distorcendo o caráter ético-ambiental das relações humanas.

2. Escola: Escola Municipal de Ensino Fundamental Machado de Assis – Canela/RS.

3. Série em que o projeto será desenvolvido: 7ª e 8ª séries (turma multisseriada).

4. Disciplinas envolvidas: Ciências, Língua Portuguesa, História, Artes.

5. Temas abordados:

* A origem das coisas, compreendendo o descaso com o meio em que vivemos, em decorrência da condição pós-moderna que transformou o ser humano em um “objeto” de uso e manipulação de si, de outros seres humanos e do seu meio físico-natural;

* Meio ambiente: responsabilidade de um ou de todos?

* Consumismos, bens de consumo, bens financeiros (crise moral e de valores);

* Sistema de produção capitalista, economia de materiais;

* As consequências do sistema de produção capitalista sobre o meio ambiente;

* A responsabilidade de cada um sobre o meio em que vive;

* O que pode ser feito para preservar o meio em que vivemos e divulgar a importância destes cuidados.

6. Mídias disponíveis para integrar: televisão e vídeo; fotografia; máquina fotográfica e/ou telefone celular; livro impresso e pesquisa na rede mundial de computadores; gravação e edição de sons (software audacity), data-show; DVDs TV escola para pesquisa que possuem relatos sobre a origem das coisas.

7. Objetivos:

* Oportunizar o diálogo entre alunos e professores acerca da origem do sistema capitalista que prevê o uso demasiado dos recursos físico-naturais, para sustentar o nosso estilo de vida;

*Análise dialógica sobre a exploração dos bens físico-naturais, compreendendo que este ato ocorre de maneira indiscriminada;

* Compreensão linguística de termos ligados ao universo ambiental, tais como: ecossistemas, toxinas, desmatamento, poluição, linearidade, sistema de produção capitalista, descartável, custo de produção, consumo, descarte e descaso ambiental e cultural, obsolescência planejada, obsolescência perceptiva;

* Perceber as influências que sofremos a partir das imagens publicitárias e o quanto estamos sendo manipulados por este viés midiático, sem muitas vezes percebermos que temos inúmeros produtos desnecessários;

* Analisar a produção de lixo e os encaminhamentos que realizamos em relação à sua produção, destacar pontos de intervenção para o consumo consciente e a restrição quanto ao desperdício dos bens de consumo, modificando o sistema linear que amplia o descaso e o consumo, para idealizar uma forma de separar, reciclar e reaproveitar os próprios materiais que desperdiçamos;

* Elaborar um projeto piloto de conscientização escolar, aberto a comunidade, no qual serão feitas palestras e/ou oficinas sobre reaproveitamento consciente, descarte apropriado, reciclagem e separação do lixo, refletindo sobre o cuidado que devemos ter com o consumismo, sendo estes encontros ministrados por grupos de alunos participantes;

* Despertar a consciência de que os cuidados com o meio ambiente são responsabilidade de todos nós;

* Envolver os alunos na busca das soluções que poderão estar ao seu alcance para amenizar os efeitos negativos da ação do homem no meio ambiente;

* Assistir a vídeo educativo sobre a origem das coisas com objetivo de alertar para os graves acontecimentos que acometem nossa sociedade e refletem no meio ambiente;

* Produzir documentos e pequenos vídeos-áudios que demonstrem o aprendizado dos alunos a respeito dos temas tratados no projeto;

* Levar os alunos a repensarem atitudes de ação sobre os cuidados com o meio ambiente e sua responsabilidade em agir e difundir ideias de preservação com o meio em que vivemos.

8. Metodologia:

A metodologia escolhida para este projeto visa o diálogo, respeitando limitações e instigando a descoberta, sendo estruturada numa interação ativa de todos os envolvidos, através da leitura de textos, coleta de imagens de própria autoria ou não, leitura de imagens, pesquisa de campo, observação e análise imagética, apreciação de vídeos, pesquisa bibliográfica, elaboração textual, produção artística e criação de áudio-vídeo, elaboração de um portfólio e de um projeto piloto educacional sobre a temática escolhida, interpretação do vídeo A História das Coisas. Segue a proposta de intervenção em sala de aula, com duração de 15 horas/aula.

Tempo previsto: 15 horas/aula.

Situação de aprendizagem a partir dos recursos apresentados:

Por uma ação educativa, embasada na fotografia da cidade cotidiana e no vídeo “A história das coisas”, trabalhando com recursos da mídia televisiva em prol da educação reflexiva, será oportunizado um trabalho que vise à interdisciplinaridade e explore um tema de grande relevância na atualidade: O consumismo e o descaso ambiental.

Primeiro momento: duração 04horas/aula

Leitura e debate do texto, de Carlos Drummond de Andrade: “Eu, etiqueta” compreensão acerca de assuntos que nos levam a crer num consumo desenfreado, gerando cada vez mais o desperdício, a solidão e a infelicidade.

EU, ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

que nunca experimentei

mas são comunicados a meus pés.

Meus tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

minha gravata e cinto e escova e pente,

meu copo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso, meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

são mensagens, letras falantes,

gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, premência,

indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É doce estar na moda,

ainda que a moda seja negar minha identidade,

trocá-la por mil, açambarcando

todas as marcas registradas,

todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

eu que antes era e me sabia

tão diverso de outros, tão mim-mesmo,

ser pensante, sentinte e solitário

com outros seres diversos e conscientes

de sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente).

E nisto me comprazo, tiro glória de

minha anulação. [...]

(Carlos Drummond de Andrade)

* Leitura silenciosa e oral, seguido da análise e debate coletivo, a partir de questões como:

1. Qual é a ideia central do texto?

2. Que valores são criticados por Drummond?

3. Você concorda com a visão do autor? Qual é seu ponto de vista sobre o assunto?

4. No fragmento a seguir, Drummond escreve sobre o uso de estrangeirismos no Brasil. Como você percebe isso em nossa sociedade?

"Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente)."

* Definir coletivamente termos como: consumismo, uso indevido da natureza, manipulação da massa.

Análise da fotografia antes e após assistir o vídeo, explicar aos alunos que neste momento é preciso atenção e concentração para conseguir compreender e assimilar todos os conceitos que serão explicitados neste.

à Análise da fotografia:

* apresentar aos alunos, com auxílio do equipamento de data-show a imagem fotográfica;

* aguardar alguns instantes para que os alunos observem e relatem verbalmente o que estão vendo;

* conduzir o diálogo a partir de questionamentos que os levem a indagarem, o motivo de um copo plástico estar jogado em um canteiro e, em quantos outros ambientes, até em nossa própria escola e sala de aula, o material descartado encontra-se em lugares inapropriados e por qual ou quais motivos estão nestes locais;

* registrar através de tópicos, no quadro de giz, os motivos que levam o ser humano a descartar objetos em lugares inapropriados e quais as principais atitudes que demonstramos quando vemos estas situações;

* caminhada no entorno escolar, para observação das lixeiras, do pátio escolar, da parada de ônibus, das poucas casas e prédios no entorno, do cemitério e igreja presente na localidade, atentando para o lixo espalhado, a forma incorreta da separação do lixo presente nas lixeiras das salas de aula;

* retorno à sala de aula, socialização das observações e registro no quadro de giz, juntamente com os tópicos levantados a partir da observação fotográfica;

* leitura dos itens expostos coletivamente e elaboração, em grupos de quatro a cinco integrantes, de um anúncio publicitário sobre as atitudes que devemos e/ou podemos exercer em meio ao descaso ambiental;

* o anúncio pode ser feito no formato de imagens (outdoors - cartazes), filmagem com edição das imagens e áudio ou áudio-história. A apresentação primeiramente será feita por escrito, analisada pelo grupo juntamente com a professora orientadora e finalizada seguindo um roteiro prévio, sobre a temática deste projeto: “Sordidez e beleza... repensando nossas ações ambientais”;

* após a conclusão de todos os “anúncios” as produções serão exibidas em grande grupo e debatidas (tais materiais explorados em palestras e/ou oficinas abertas à comunidade escolar).

Segundo momento: duração 02horas/aula

Retomar a fotografia inicial e transmitir o vídeo “A história das coisas”, realização do debate e estudo orientado.

Análise crítica da fotografia e do vídeo, a partir de uma mesa redonda para diálogo e troca de compreensões e aprendizagens. Serão debatidos os seguintes aspectos: qual a problemática social denunciada na fotografia/vídeo? Quais as soluções possíveis apresentadas? Como cada um sentiu-se ao ver, sua realidade, sendo denunciada no vídeo? Já haviam se dado conta de todo este círculo vicioso? Conheciam a forma de produção dos objetos que consomem? Qual o hábito que possuem em relação ao consumismo e o que os levam a agir desta maneira? Sua realidade se equipara a destacada no vídeo, ou difere desta, como?

Outras questões e apontamentos irão surgir conforme o debate, os mesmos serão escritos em forma de itens no quadro de giz, para posterior registro e retomada do assunto estudado em pequenos grupos.

Estudo dos termos de linguagem presente no vídeo e que necessitam estar claros para que os alunos consigam articular opinião e interesses e explorar significativamente a mensagem presente neste vídeo: ecossistemas, toxinas, desmatamento, poluição, linearidade, sistema de produção capitalista, descartável, custo de produção, consumo, descarte e descaso ambiental e cultural, obsolescência planejada, obsolescência perceptiva.

Nos grupos, já formados na primeira atividade, realizar uma síntese crítica do vídeo, registrando as questões pertinentes apresentadas no debate interativo e, destacando o significado de cada uma das palavras expostas acima. Os anúncios, juntamente com o roteiro escrito e a síntese crítica desta etapa, serão guardados juntos, com a intenção de formar um portfólio de estudos e pesquisas sobre a temática.

Terceiro momento: duração 02horas/aula

Socialização das sínteses reflexivas de cada grupo.

Elaboração de um mapa conceitual a partir de questões chaves propostas pela turma, como sugestão pode-se subdividir o vídeo em dois temas principais e elencar conexões sobre cada um destes temas, na montagem do mapa:

à Tópico 01:

A cidade contemporânea.

* O que a humanidade está fazendo para contribuir com sua própria extinção? Quais são os problemas causados pelo consumismo desenfreado pelo modo de produção capitalista?

à Tópico 02:

A história das coisas.

* Quais medidas são possíveis e necessárias para reverter ou minimizar esta problemática? A partir de quem estas mudanças deverão começar e qual o nosso papel para que as mesmas sejam efetivas?

A partir destes dois enfoques, cada grupo de aluno irá propor palavras, temas e conectivos que dêem conta do que o vídeo demonstrou, porém de forma sucinta e de fácil compreensão. Elaboração em papel pardo, com palavras chave, imagens, desenhos, pequenos textos pesquisados em jornais e revistas assuntos que vão de encontro com o tema debatido. Conclusão prévia do mapa conceitual e socialização.

Quarto momento: 04 horas/aula

Após esclarecimento da problemática na qual nos encontramos os alunos em grupos, irão pesquisar a origem de alguma das “coisas” que utilizam, esmiuçando desde o surgimento da matéria prima, os meios de produção e consumo, a ida para as casas de seus respectivos consumidores e o descarte, quando este meio apresenta-se obsoleto ou inutilizado, utilizando para isto, como ferramenta de pesquisa a internet, sob orientação do professor de História.

A apresentação ao grande grupo dos resultados desta pesquisa se dará em forma de pequenos vídeos produzidos pelos próprios alunos, (utilizando os recursos que possuírem como câmeras digitais ou celulares), destacando suas aprendizagens e descobertas, sendo, para isto, auxiliados pelo professor de Artes.

Quinto momento: duração 03 horas/aula

Como síntese de todo este trabalho, num caráter avaliativo, os alunos em grande grupo, juntamente com a professora, elaborarão um documento com metas e ações alternativas para minimizar o impacto ambiental, em virtude deste sistema de produção linear, para implementar, como plano piloto, na instituição escolar de origem.

Revisão, avaliação da probabilidade de implementação e exposição do projeto de ação aos demais estudantes da escola, iniciação do trabalho.

Para a elaboração desta etapa, os alunos lançarão mão dos trabalhos produzidos no desenrolar da proposta. E, através de encontros com os demais alunos da escola, farão a proposição do projeto, sendo monitores junto às turmas, como representantes legais de uma aprendizagem colaborativa.

9. Resultados parciais e esperados:

Espera-se com este projeto despertar o senso de curiosidade e criticidade por parte dos alunos, visando à compreensão do seu meio físico natural em prol de um desenvolvimento qualitativo em suas ações de manutenção e preservação do meio ambiente no qual vive, valorizando de forma coerente os recursos naturais e humanos, despertando para a manipulação presente nos meios de comunicação de massa e evidenciando o quanto somos sujeitos manipulados socialmente.

Desta forma almeja-se que o aluno pense de forma crítica sobre uma temática que está em voga e, muitas vezes, considerada de forma leviana e sem clareza crítica por parte da escola, bem como da sociedade.

Além destes fatores, espera-se que o mesmo passe a produzir meios digitais na elaboração de sua aprendizagem, tornando-se autor e crítico do ato aprendente, observando que a mídia pode ser a vilã ou o “mocinho” em nossa aprendizagem, sendo necessário lançar um novo olhar para as “ditas” verdades presentes nestes meios de comunicação de massa.

9.1. Resultados parciais obtidos

Em detrimento da dificuldade de conseguir professores que colaborem e cooperem com o desenvolvimento de um projeto integrador, realizaram-se apenas 30% do projeto descrito, envolvendo as primeiras quatro aulas e o início da segunda etapa que visava duas aulas, de forma clara e objetiva, será descrito o que obteve-se neste ínterim de trabalho.

O início, valendo-se do texto de Carlos Drummond de Andrade, “Eu, etiqueta”, como pretexto para confrontar pensamentos e ações que se embasam no uso desenfreado de nossos meios de produção, realizou-se a leitura e elencou diversas questões, algumas pertinentes a não compreensão linguística e outras relativas ao que usamos, o motivo pelo qual adquirimos este e não aquele produto. Uma aluna destacou seu tênis da marca all star com emblema da coca-cola aclamado por todos como o melhor refrigerante. A conversa continuou, porém com diversos pontos de vistas, outro aluno questionou sobre as marcas de sabão em pó, e todos destacaram Omo, quis saber o motivo, a resposta em uníssono foi: Tem a melhor propaganda, dá para confiar. Encurtando o diálogo, será descrita algumas colocações sobre as perguntas que acompanhavam o texto, destacando algumas impressões tidas pelos discentes, não será possível precisar quem disse uma ou outra fala, pois estes são apontamentos tidos durante a ação dialógica:

... a ideia principal do texto é que a gente faz propaganda, usa aquela marca e nem sabe o que está fazendo;

... acho que ele quer dizer que devemos comprar o que a gente precisa e não a marca;

... as pessoas só querem roupa de marca para ficar na moda e compram uma roupa em uma semana e na outra já não usam mais e fazem propaganda sem saber;

... retratar sobre o abuso a questão “marcas” que não importa o que é, mas sim o tanto que se tem!

... quando achamos que estamos na moda, estamos sendo objetos de propaganda.

... as pessoas estão perdendo seu valor, porque querem estar na moda, ser a moda e ficam fúteis, desperdiçam, jogam fora.

Após a exploração do texto, tentamos definir coletivamente, alguns termos como consumismo que foi entendido como a sociedade do consumo que se baseia na economia e produção de bens e serviços. Ao falar de capital ou visão capitalista, foi bastante difícil, pois não conseguiam assimilar o que era capital, para tanto abordou-se diferentes exemplos para diferenciar capital geográfica de capital financeiro, tendo compreendido que o capital pode ser visto como dinheiro. Pensamos juntos no círculo vicioso que nossas vidas se tornaram: trabalho gera capital financeiro, que visa o consumo, que acarreta num desperdício e nos leva a uma pseudo-felicidade ou a infelicidade, e, para sairmos deste estágio de nostalgia voltamos ao trabalho. Após, tendo em mente este círculo capitalista, refletimos sobre o que é uso indevido de algo, neste caso a natureza, eles destacaram que é incorreto o desmatamento, as queimadas, o depósito de lixo em qualquer lugar.

Em meio a este emaranhado de pensamentos e ideias, foi apresentada a imagem fotográfica, que germinou a seguinte exclamação: Quem jogou um copo ali, não tem lixeira, que porco! A partir desta afirmação, realizamos uma auto-reflexão sobre nossos atos, onde muitos destacaram que por desleixo, preguiça e outros motivos também jogam sujeira no chão. Como estava chovendo, adaptamos o passeio que seria feito para observar o entorno e fotografar o descaso, para uma reflexão memorial do trajeto seguido até a escola e, qual não foi nossa surpresa, a quantidade de lixo espalhado e o descuido presente tanto em nossa escola, bairro e parques turísticos da proximidade. Eles destacaram o pátio da escola que estava todo sujo e que haviam limpado na semana anterior, a parada de ônibus que está com as lixeiras transbordando e o número elevado de cachorros espalhando estas sujeiras pela estrada, e, a maior indignação, é o descaso que o Parque Estadual do Caracol, localizado nas imediações da escola, que encontra-se sem flores nos canteiros, lixo pelos caminhos, banheiros sujos e mal cuidados. Nesta conversa, foi claramente percebido, a indignação dos alunos que não admitiam que seu bairro ficasse a mercê do descaso humano, em meio a esta indignação passamos a produção dos anúncios, alguns grupos fizeram apenas o esboço escrito, outros produziram as gravações e editaram com áudio e fotos, porém o trabalho ainda está em aberto, devido à solicitação feita pelos alunos de realizarem saídas em campo, coletarem fotos e pesquisarem contextos para produzir a gravação. Na semana seguinte.

Segue o link, das produções feitas pelos grupos e editadas por nós, para mostrar um fragmento deste trabalho: http://www.youtube.com/watch?v=UgFTTDLUwX8.

O que pudemos observar até este momento, que a maior empolgação ocorreu em virtude do áudio gravado e do acúmulo de imagens para montar o vídeo, este trabalho foi feito em horários extras nos grupos, com o acompanhamento e orientação da professora de artes, segundo eles, suas propagandas estavam pequenas, mas era muito legal ouvir a própria voz.

Mesmo sem a conclusão desta primeira etapa, realizou-se a visualização do vídeo “A História das Coisas” analisando-o em virtude da fotografia inicial, para esclarecer alguns tópicos não compreendidos durante a elaboração da propaganda e, qualificando o diálogo, que gerou maiores indagações e melhores produções. A impressão que tivemos, foi que muitos nunca haviam parado para pensar na importância de cada atitude que temos e o quanto, estas, contribuem para a melhoria ou não dos nossos atos. O projeto está em aberto, sua continuidade será protelada, semanalmente com quatro períodos. Mas os resultados obtidos até o momento foram significativos e demonstra reflexos de uma nova consciência voltada a preservação ambiental.

10. Critérios de avaliação:

O projeto será avaliado constantemente pelos responsáveis, através da observação, participação e interesse dos alunos, bem como da repercussão dos trabalhos apresentados ao grande grupo, averiguando se há seriedade e responsabilidade quanto à proposta, tendo como critérios de avaliação:

* coerência entre a temática trabalhada e o trabalho produzido/apresentado;

* seriedade na produção e execução de cada tarefa;

* coerência e pesquisa científica sobre o tema estudado em cada grupo;

* clareza dos debates e envolvimento de todos os alunos e professores;

* viabilidade da proposta;

* linguagem adequada;

* clareza na exposição oral dos trabalhos, bem como capacidade em responder as solicitações;

* comprometimento;

* auto-avaliação coletiva e individual.

11. Forma de socialização das produções:

Ao final de cada proposta está prevista uma socialização em forma de seminário, na qual serão abordados os conceitos estudados por cada grupo e expostos oralmente para que haja uma clareza dos estudos realizados a cada momento. Ao final do projeto pretende-se elaborar um projeto piloto de aplicação em toda a esfera escolar. De forma sintética, a socialização ocorrerá de tal forma:

* seminários internos (alunos e professores);

* seminário externo para todos os docentes e discentes da instituição educacional;

* elaboração de um projeto piloto para alteração da consciência ambiental, explanação sobre este à comunidade escolar em sua íntegra.

12. Cronograma (tempo previsto para conclusão do projeto):

Duração: 15 horas/aula (envolvendo períodos da disciplina de Ciências, Língua Portuguesa, História e Artes).

Aula 01

Aula 02

Aula 03

Aula 04

Aula 05

Aula 06

Aula 07

Aula 08

Aula 09

Aula 10

Aula 11

Aula 12

Aula 13

Aula 14

Aula 15

1º momento

Estudo do texto: Eu, etiqueta

X

Análise da fotografia

X

Saída a campo

X

Debate analítico

X

X

Produção e socialização do anúncio

X

X

2º momento

Vídeo: A História das Coisas

X

Debate e análise oral

X

Estudo linguístico

X

X

Síntese crítica

X

3º momento

Socialização das sínteses

X

Elaboração: mapa conceitual

X

Socialização: mapa conceitual

X

4º momento

Pesquisa sobre a origem de algo

X

X

Elaboração textual

X

Produção de slides ou vídeo

X

X

Socialização

X

5º momento

Síntese coletiva do trabalho

X

Elaboração de um documento com projeções e metas

X

X

Socialização extra-escolar

X

13. Referências:

ALMEIDA, Maria Elizabeth Biaconcini de. Gestão de tecnologias, mídias e recursos na escola: o compartilhar de significados. Em Aberto, Brasília, v. 22, n. 79, p. 75-89, jan. 2009.

PEREIRA,Marcos,V. O desafio da tolerância na cidade contemporânea. Texto apresentado no III Seminário de Educação e Comunicação Adolescente... tá ligado!!?.Pelotas 02 de julho de 2002 .

PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania.
São Paulo, Cortez Editora, 2005, 255pp. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2006000100010

Acessado: 19. junho de 2011.

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